ARTE CORREIO - MAIL ART
Confraria da Arte postal – Selus
Comemorativa ao 3º ano de fundação do grupo
TEMA – Faça uma “ilustração”- livre interpretação - de dois mini contos, de autoria de confrades, que sugerimos nas folhas de 1 até 5.
TÉCNICA: desenho, pintura, colagem, arte digital, gravura e etc.
FORMATO – dimensão A4
Importante -Inclua o número dos mini contos escolhidos, seus dados pessoais, endereço completo Email e etc., na parte de trás do trabalho.
DATA LIMITE – Até 30 de Outubro de 2011
SEM DEVOLUÇÃO - SEM JURI - DOCUMENTAÇÃO A TODOS.
MANDAR OS TRABALHOS PARA : Maria Darmeli Araujo
Rua Moysés Antunes da Cunha, 55 apto 504
CEP 90650-190
Porto Alegre - RGS
BRASIL
EXPOSIÇÃO - Em lugar a combinar , possivelmente no mês de Novembro.
Alguma dúvida faça contato com os Email :
POR FAVOR, CONVIDE OUTRAS PESSOAS. OBRIGADA!
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Lista de Mini Contos
Maria da Glória de Jesus Oliveira
1-Cantarolando
Cantiga de ninar, ranger do berço ao ser balançado e ruído das agulhas de tricô eram os únicos sons. Crianças entravam, iam ao berço e saiam com olhar triste, mudas, sem entender. As mulheres tinham os olhos vermelhos. Cochichavam, sacudiam a cabeça, sem ousar levantar a voz. A mãe sorria, olhos demenciados, preparando o agasalho que não iria aquecer o bebê.
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Jacira Fagundes
2- Pés pelas mãos
Ao acordar deu-se conta de que o médico fora o antigo desafeto. Na cirurgia reparadora, aquele lhe trocara os pés pelas mãos. Literalmente.
3- Jogo de damas
– É minha vez.
– Não. A vez é minha.
– Combinado. É sua a vez.
– Vá em frente. Me coma.
4- Os três porquinhos
O 1º porquinho disse:
– O lobo assoprou minha casinha. Vou morar com meu irmãozinho.
O 2º porquinho falou:
– O lobo derrubou nossa casinha. Vamos morar com nosso irmãozinho.
O 3º porquinho não disse nada. Cerrou portas e janelas e se fingiu de morto.
5- Damas na praça
Ao cair da noite, a praça é inteirinha delas.
Depois dos tabuleiros, no mais lascivo e intrincado jogo de damas.
6- Promessas
Tomou um tiro no peito quando ia começar o discurso de posse.
Eram tantas as promessas que ele pagou com a vida a falta de crédito.
7- Última vontade
Por muito tempo o velho permanecera na cama, mais morto do que vivo.
Por vezes voltava-lhe a consciência e ele chamava os filhos para a despedida. Era um ritual penoso para todos. Depois o mal dava uma trégua e o tempo seguia igual.
Desta feita um novo apelo do moribundo – abria os olhos, fixava os filhos um a um e fazia um pedido: um prato de sopa de legumes; queria sentir o prazer da comida ainda uma vez.
Três colheradas; e a cabeça lhe tombou inerte. Por precaução, os filhos haviam adicionado arsênico na última vontade do velho.
8- Moradores de rua
Virando a esquina há um maltrapilho e suas tralhas ocupando espaço na calçada. Os que transitam por ali já o quiseram expulsar da rua, mas ele os convence e vai ficando, com o argumento de que a rua não tem dono. Outro dia surpreendeu um vagabundo dormindo no local. Bateu feio no sujeito, ameaçou-o com uma faca e expulsou-o. Com atrevimento de proprietário.
9- Tema escolar
O tema escolar pedia pesquisa sobre efeitos do álcool no organismo. Junto ao texto a indicação de bibliografia consultada. Ela abdicou de todas as fontes. Tinha em casa o modelo vivo – sua mãe.
10- Bela adormecida
Tinha fissura pela Bela adormecida. Bela privava de tudo na casa; a única proibição era o sofá novo. Porém a gata não entendia e ficava de olho espichado para o sofá emitindo miados longos por horas a fio. O sonífero no leite era só para evitar a ressonância.
11- Despropósito
Gostava de correr o mundo com ele no seu encalço. Sentia-se protegida.
Quando, na última prova, ele a ultrapassou, ela abandonou o atletismo.
12- O nome
Queria um nome de santa para a filha recém-nascida.
– Maria Imaculada – sugeriu a parteira.
A mulher hesitou.
– E se a coitadinha vir a ser puta como eu?
13- A espera
Esperou que o noivo chegasse. Esperou que ele a abraçasse, que a cobrisse de carícias. Esperou que a despisse. Cansada da espera, encolheu-se na cama. E dormiu solitária como fazia há longos vinte anos.
14 - O plano
Encontrara uma saída. Sempre que o padrasto a assediava, a menina corria para o terraço e se acavalava no muro. Há seis meses fizera a descoberta – o velho tinha síndrome de altura. Seria apenas uma questão de paciência.
15- Bullying
Força e valentia.
Apreciava mandar e fez-se obedecer. Pegou sem pedir. Destruiu quanto quis. Bateu.
Quando o último dos garotos não resistiu ao massacre, usou da fuga como qualquer covarde.
16- Fatalidade
Perseguiu a juventude como quem, diligente, professa crença religiosa. Perseverou nos ritos e ofereceu o corpo em consagração.
Não fez conta do tempo: descobriu-o inclemente, já tarde demais para reparos.
17- Arrependimento
Chegou teu dia – falou-lhe a morte.
Acordou suando e tremendo. Gritou pela enfermagem. Que expulsassem dali a bruxa.
Acreditando no alto teor dos sedativos, mesmo assim, a enfermeira enxotou a coisa ruim.
Daí que ele segue vivendo. Ou é a máquina que vive nele?
Às vezes consegue emitir sons entendíveis – fala que até hoje se arrepende.
18- Santo de casa
Os vizinhos comentavam o quanto sua mãe era uma santa para carregar o marido violento e beberrão.
Quando o pai passou a abusar dela, esperou em vão por uma atitude daquela santa.
Matou os dois enquanto dormiam na cama ao lado. Sempre soube que santo de casa não faz milagre.
19- Cremação
Querer me trancar na cadeia por que motivo seu delegado? Era vontade dela, não fiz nada por meu querer, não. Que tava bêbado, isso não nego. É minha sina a bebida; fazer o quê? Tava gastinha, só pelanca, dor por todo corpo, de dar pena a coitada. Deu pra invocar a morte, mas queria ser cremada, um desejo antigo, sonho mais louco. E eu desocupado, me enchendo de cachaça, dia e noite. E ela ali, a pobre. Foi um descuido bobo, seu delegado. Sou doido de tocar fogo no barraco por gosto? Quando cortam a luz é vela por todo canto, tava bêbado, lhe falei, tropecei numa delas e a maldita não apagou. Acordei com o fogo e deixei ela lá, não era o que a pobrezinha pedia? Vontade de mãe, obrigação de filho; e o doutor delegado ainda me ameaça com cadeia, pô.
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Maria Darmeli Araujo
20 - O Fim
Ela balança indolente na ponta do fio e lança-se sobre a parede. Teceu os fios com habilidade e persistência.
Rosácea de linhas brilhantes.
Veio a tempestade.....só restou um solitário fio.
21 - A janela
Sentada ao lado da janela do ônibus- fitou o homem que lhe sorria- do lado de fora- na janela que corria para o mesmo lado. Inútil pensar, mas por três vezes repetiu - se a cena – no jogo louco do trânsito. Lá ficou o homem no passado....
22 - Luzes da Noite
A luz corria pela rua...
A sirene ecoava pela noite negra...
No alto do poste, a sinaleira brincava de acende...apaga...acende...apaga.. acende... apaga
Foi quando, no céu profundo, o pisca-pisca que corria lentamente indicava que alguém ia chegar.
23 - Solidão
Relógios paralisados evocavam as horas passadas. O tempo parecia petrificado envolvido pelo silêncio.
Apenas o pingar gotejante da torneira...
24 - Outros Pés
Segredo guardado a sete chaves:
Ela não o amava.
Ele também não a amava.
Mas viviam tão bem juntos!!!
Mas uma coisa é certa: Seus pés encontram outros diferentes para se aquecer.
25 - Encolhida, com os braços cruzados sobre o peito, mais parecia um folha solta no vento do inverno. Os olhos eram duas névoas escuras e a boca se contraia num espasmo.
Estava assim porque era velha, estava triste ou estava apenas com frio? Tudo junto...
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Elia Weschenfelder
26 - . O seu prato favorito era purê de batata, talvez porque a textura se parecia imensamente à massa de cimento para construção.
Pois tanto uma como a outra, precisavam de um movimento rápido e enérgico, para se desprender da colher.
Uma pessoa admirável aquele engenheiro, até hoje lembro com ternura a cena, cada vez que me deparo frente a um prato fumegante de purê de batatas.
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Jeanete Ecker Kohler
27 – Seios gelados
de uma triste mulher
na cama conjugal
sem pronomes nem verbos
28 – Dei uma esmola e passei o sinal
ele desenhava na calçada.
Ao voltar vi, no chão, meu rosto de giz.
29 – A velha do tronco
Enquanto caminho, todas as manhãs, uma visão predatória,
torna-se minha carcereira do dia: a velha do tronco.
Tento mudar de caminho e sigo igual o que nos aproxima.
Lá está ela sentada naquele tronco de árvore, acomoda seu corpo, num espaço
pequeno e sujo. O vento, em volta, sopra e espalha minha
oposição a sua vida e ela se remexe assustada.
Apresso o passo e o resto de meus pensamentos circulam entre nós duas, deformados
pelo meu lado mais escuro e, desmanchados, ficam atrás de mim escurecendo a rua.
30 – Caminho sem qualquer matiz: canalha, molhada no temporal
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Neida Calliari
31 – Eu disse sim, a minha imagem no espelho discordou.
Então eu desmaiei de susto.
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Camille Canceri Lumertz – ( 6 anos- neta de Maria Luiza Cangeri )
Pituquito conhecendo o mundo
32 –Um dia um passarinho que se chamava Pituquito saiu de sua confortável e linda gaiola e foi conhecer o bosque que existia perto de sua casa.
Voou, caminhou e viu muitas flores, borboletas e outros bichinhos.
Ele encontrou tucanos, araras, papagaios e muitos outros passarinhos e fez novas amizades. Achou um lindo pinheiro e fez sua casinha de folhas e galinhos.
O João de Barro também estava fazendo sua casinha com barro.
Pituquito ficou encantado de ver a rapidez que ele construía. Os dois ficaram grandes amigos.
Voaram para procurar comida e levar para suas casas.
Pituquito ficou morando no bosque curtindo a beleza da natureza junto com seus novos amigos.
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